Conheça o Novembrinho Azul - Blog - Hospital Vera Cruz

27/11/2023

Conheça o Novembrinho Azul, nova campanha pela saúde dos meninos

O Novembrinho Azul é uma campanha lançada pelo Ministério da Saúde em 2023 e tem grande foco na detecção precoce de problemas da saúde reprodutiva masculina.

Hospital Vera Cruz - Blog - Novembrinho Azul - Capa

 

Uma nova data passa a fazer parte do calendário da saúde este ano. No último mês de outubro, foi promulgada a Lei nº 14.694/2023, que institui o Novembrinho Azul, data a ser lembrada anualmente a partir de agora.

O ‘Novembro Azul‘ – ampla campanha de conscientização sobre a saúde masculina – já existe há mais de 10 anos, e sua versão ‘no diminutivo’ passa a focar na saúde de meninos até os 15 anos de idade, reforçando a prevenção de doenças relacionadas à saúde sexual e reprodutiva. A meta é ampliar o diagnóstico precoce de doenças e evitar maiores problemas na vida adulta. Dentre os pontos de atenção estão a vacina contra o HPV e identificação de problemas testiculares (como a ausência do testículo no escroto, o aumento do volume testicular e dores na região).

É importante notar que a campanha do Novembrinho Azul não foca na educação sexual de meninos, mas sim em problemas de saúde que podem acometer essa faixa etária – em especial os urológicos e aqueles relacionados à sexualidade e que podem ser prevenidos (como é o caso da vacina do HPV).

Durante o mês de novembro, campanhas educativas deverão ser lançadas orientando a população e profissionais da área médica sobre a importância de cuidar da saúde dos meninos, adolescentes e pré-adolescentes. Além disso, a nova Lei inclui a capacitação de equipes do SUS para melhor atender essa faixa etária.

 

Meninos visitam o urologista / cirurgião pediátrico?

No geral, seja no Brasil ou na maior parte dos países do mundo, homens costumam ir muito menos ao médico do que as mulheres. As consequências óbvias desse hábito são sentidas lá na frente, com índices maiores de diagnósticos tardios entre os homens e necessidade de tratamentos mais complexos para problemas que poderiam ter sido descobertos mais cedo.

Entre os meninos, a tendência se mantém. De acordo com um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em 2021 foram registrados cerca de 11 mil atendimentos em urologia para meninos entre os 12 e os 18 anos. Os dados vêm do SUS e representam consultas realizadas em todo o país. Entre meninas da mesma faixa etária, o número de consultas foi 18 vezes maior.

Pesquisa da SBU indicou que, em 2022, houve 200 mil atendimentos urológicos masculinos no SUS. Já as consultas com ginecologistas somaram mais de 1.2 milhão – um número seis vezes maior.

 

Quais problemas da saúde masculina podem ser diagnosticados cedo?

Existem diversos problemas de saúde relacionados aos órgãos sexuais masculinos que podem ser diagnosticados durante a infância e a puberdade. É comum eles serem percebidos pelo próprio menino, por meio de sinais como dores, inchaços ou morfologia diferente no pênis ou nos testículos.

Havendo campanhas de alerta para esse tipo de sintoma e estimulando a visita ao médico, é possível evitar a evolução de doenças e consequências graves no futuro, que variam de riscos maiores de desenvolver infecções até a infertilidade.

– Criptorquidia

Um desses problemas é a criptorquidia, ou “testículos não descidos”. Afeta cerca de 3% dos recém nascidos a termo e até 30% dos prematuros. Quando é diagnosticado o testículo na virilha ou ele não é palpável, é muito importante uma avaliação médica especializada e a cirurgia. O testículo tem de estar na bolsa testicular (escroto) para o seu desenvolvimento adequado.

O testículo criptorquídico pode sofrer atrofia, torção ou danos no seu desenvolvimento, acarretando no futuro risco de infertilidade ou aumento do risco de câncer testicular. Os tumores testiculares correspondem a 1,5 % das neoplasias malignas nos homens, porem nos testículos criptorquídicos esta incidência aumenta de 03 a 20 vezes.

O tratamento do testículo não descido é a cirurgia, que deve ser realizada por cirurgião pediátrico ou urologista especializado em crianças. A Organização Mundial de Saúde preconiza que  a cirurgia deve ser realizada até os 18 meses de idade.

Hospital Vera Cruz - Blog - Novembrinho Azul - Criptorquidia e Varicocele

 

– Varicocele

Outro problema é a varicocele (ou ‘varizes do testículo’), uma das principais causas de infertilidade masculina. Ela costuma ser diagnosticada, na maior parte dos casos, justamente entre os 12 e 13 anos (muito raramente surge na infância), e tem uma incidência de 15% entre os adolescentes.

“A varicocele tem uma incidência de 15% entre os adolescentes”

A varicocele é uma dilatação anormal das veias do testículo e pode causar dores, inchaço e vermelhidão na região testicular, especialmente no testículo esquerdo e quando se está de pé (deitando-se, a dor passa). Pode também ser assintomática, apenas causando uma modificação estética na região. Essas ‘veias dilatadas’ costumam ficar mais aparentes após esforços físicos.

Apesar de não resultar em comprometimento da capacidade sexual, a depender do grau de severidade a varicocele é capaz de comprometer a qualidade do sêmen e, portanto, causar infertilidade.

Os tratamentos incluem desde medicamentos orais e uso de suspensório escrotal até cirurgias – existem vários tipos de cirurgia que podem ser indicados pelo médico a depender do grau de severidade da doença, quase todos relativamente simples e de rápida recuperação. Quanto antes o problema for detectado e tratado por um urologista, melhores as possibilidades de recuperação da fertilidade.

 

Vacina contra HPV para meninos: uma das metas do Novembrinho Azul

Segundo os idealizadores da nova Lei que instituiu o Novembrinho Azul, uma das metas centrais da campanha é ampliar a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), um dos grandes ‘vilões’ da sexualidade. Segundo os idealizadores, a vacinação de meninos e meninas poderá ajudar a diminuir os números do câncer do colo de útero, de altíssima incidência em mulheres.

De fato, o HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo e uma das maiores causas de câncer em mulheres. Estima-se que pelo menos 50% dos homens e de 25% a 50% das mulheres estejam, hoje, infectados pelo vírus. Estudos apontam que ao menos 80% das mulheres sexualmente ativas entrarão em contato e serão infectadas com alguma das variantes do HPV em algum momento de suas vidas – a porcentagem pode ser ainda maior entre os homens.

Esse vírus está correlacionado à quase totalidade dos casos de câncer de colo de útero, o terceiro mais incidente entre as mulheres. Além disso, o HPV também aumenta o risco do aparecimento de outros tipos de câncer tanto em homens quanto mulheres, como o câncer no pênis, na boca, garganta ou no ânus. Ainda, pode provocar verrugas na região anal e genital, com ou sem coceiras e vermelhidão, da cor da pele ou avermelhadas, que podem ou não sangrar e ter secreções.

A infecção pelo HPV é, na maior parte dos casos, assintomática durante muitos anos, mas basta uma queda na imunidade para os sintomas (como as verrugas) surgirem.

 

A maneira ideal de se proteger contra o vírus HPV é pela vacinação – o uso da camisinha é uma maneira também indicada, porém menos efetiva, já que podem existir lesões causadas pelo vírus em regiões não cobertas pela proteção. Atualmente, a vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS. O próprio Ministério da Saúde indica que meninos e meninas entre 09 e 14 devem tomar a vacina, em esquema de 02 doses, porém a cobertura vacinal nessa faixa etária ainda é baixa (um pouco menos entre as meninas).

Dados do SUS mostram que, nos últimos anos, a cobertura vacinal contra o HPV tem caído em todo o país. Em 2019, cerca de 87% das meninas brasileiras entre 09 e 14 anos tomaram ao menos a primeira dose da vacina, porcentagem que caiu para 75% em 2022. Na mesma faixa etária, 61% dos meninos haviam tomado a vacina em 2019, e em 2022 foram apenas 52%. A meta do Ministério da Saúde é ter uma cobertura vacinal de 90% entre meninas de até 15 anos.

Ampliar a vacinação de meninos e meninas contra um vírus sexualmente transmissível, portanto, é uma maneira inteligente de prevenir doenças sérias no futuro. Espera-se que campanhas como a Novembrinho Azul ajudem a melhorar os índices de cobertura em todo o país.

 

HPV e Papanicolau

O exame Papanicolau ajuda a detectar lesões indicativas do câncer do colo de útero. Quando essas lesões são identificadas cedo, é possível iniciar tratamentos preventivos para que o câncer não se desenvolva, com altíssimas chances de sucesso.

Saiba mais em: “Dia da(o) Ginecologista: uma das especialidades mais importantes da Medicina“!

 

Cuidar da saúde começa cedo. Educar os meninos a procurar ajuda médica e a ter o hábito de se consultar é uma tarefa complexa, já que eles são muito menos propensos a agendar consultas. Porém, felizmente, esse costume tem mudado nos últimos anos, com homens e meninos mais conscientes da importância dos diagnósticos precoces. Campanhas como o Novembro – e, a partir de agora, o Novembrinho – Azul são pontos de apoio importantes para que a saúde do homem seja acompanhada com toda a atenção que eles merecem.

 

Para saber mais:

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